Ansiedade: quando a mente corre mais rápido que a vida
- Lindalva M Pereira
- 6 de abr.
- 2 min de leitura
Atualizado: 17 de abr.

É necessário falar mais detalhadamente sobre ansiedade.
Sofrer de ansiedade é não experimentar sossego, nem de dia e nem de noite, é se sentir invadido por pensamentos irrelevantes que se misturam aos relevantes, e perturbam a concentração de forma sistemática, de maneira que uma tarefa simples, requer o dobro de energia psíquica para ser realizada. O amanhã é preocupação constante, porque o sentimento de se sentir atrasado para não se sabe o que, passa a ser comum; o hoje pode ficar para depois; mas o passado..., a este sempre se poderia ter feito mais por ele; e esta forma cativeiro de se lidar com o tempo é o que há de mais cruel para o ansioso. O futuro é incerto e retém toda a sua atenção, o passado serve como sentença e carrega arrependimentos e reflexões. E o hoje, não existe porque é pura sobrevivência.
Ansiedade está associada a ritmo do psiquismo, velocidade dos pensamentos e não necessariamente a ansiar por algo ou por alguém. É um aceleramento psíquico que exaure quem sente, e quem convive com o ansioso patológico. Leva a uma desordem fisiológica, onde o organismo produz substâncias excitantes mesmo quando o desejo é apenas dormir. Na aparência, o ansioso pode passar uma tranquilidade budista, mas por dentro, o caos está estabelecido.
É preciso parar de tratar a doença como traço de personalidade, ou seja, não “é jeito de ser”, é um excesso da essência, que pode ser tratado e melhorado. O que eu quero dizer com isto é que a essência contem toda a nossa propensão de personalidade desde o nascimento, e vai se consolidando ao longo dos anos. Na vida adulta, deduzimos que é pouco provável mudar a essência de alguém, mas o excesso da essência sim, pode ser alterado e adequado, e é isto que buscamos através da psicoterapia.
É importante mencionar que há casos em que a psicoterapia isolada não alcança resultados sem a conciliação do acompanhamento psiquiátrico e intervenção medicamentosa. Não há como nos debruçarmos em análise das causas e do comportamento, se toda a energia psíquica está voltada para a gestão dos sintomas.
Também vale lembrar que a ansiedade não é vilã, o excesso dela é que é patológico. A ansiedade faz parte da energia vital, que nos impulsiona a sair da cama, a buscar conquistas e realizações. A isenção completa dela significa estado de apatia, baixa pulsão de vida.
O “cérebro emocional” não foi adaptado e ainda não disponibilizou recursos extras para lidar com tanta informação vinda de todos os lados, de forma simultânea e sem filtros. Somos submetidos a gatilhos de emoções opostas apenas com um deslizar de tela do smartphone. O ego fica facilmente destroçado e se sente aquém da “eficiência mundial.” O efeito colateral do avanço tecnológico atualmente, é um dos fatores predominantes causadores dos transtornos de ansiedade.
É importante mencionar que há casos em que a psicoterapia não alcança resultados sem a conciliação do acompanhamento psiquiátrico e intervenção medicamentosa. Não há como nos debruçarmos em análise das causas e do comportamento, se toda a energia psíquica está voltada para a gestão dos sintomas.
Ansiedade tem tratamento e tem controle.
Lindalva M Pereira
Psicanalista/ S.J.Campos - SP
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